September 12, 2018. On this remarkable date, my flight lands at tHe airport of Las Palmas de Gran Canaria and, here I am, James Bond style by the corridors of the airport, with a load of luggage behind.
My new 30 kg bag had already lost one of its wheels
when pulling it up and down stairs on the way to the previous airport, plus it didn’t seem to be well treated at the baggage handling systems . With the broken wheel it felt even heavier, and what a hassle to pull it on (only on that day I worked out the equivalent of one week of exercises). Of course as soon as I unpacked the bag it would go to the trash (truth be told, that it wasn’t the most expensive bag I had bought, but still, I was sad for it).
The first comment of Kleanthis after welcoming me at the airport was: “So the almost 30 kg box of clothes and exquisite stuff you sent before weren’t enough, huh, I see we’ll need to bin the excess” (of course I feigned deafness through his unfunny joke), I just hugged him happily.
To be honest, I had already been warned, some time ago, about the specific things I would need for this lifestyle. Here are the captain’s words:
• Sportive clothes would be better for the comfort (which I agreed, but I wouldn’t use only sportive clothing, right?)
• Don’t bring clothes you won’t use! (That was something I didn’t understand, does he think that I buy clothes to not use?)
• Fancy clothes will get destroyed by the sun and sea water, so better not to bring them (well, most of them stayed).
• High heels shoes are going to be useless, DO NOT bring them! (Well, I brought only three pairs in case of interviews or even going out but, if I only really knew…)
• When you are coming, a 10 kg bag will be enough, since you did not listen to me and sent your full apartment in a huge box which I could fit in! (I promise that it wasn’t that big and it weighted less than 30 kg, plus I was about to change residence, not going for holidays).
The truth is, as my “condition of woman” dictate in this case, it is indeed hard to move from an apartment to a tiny boat as the ours one. I invite you to position yourself in the following situation, ‘Imagine that you live your whole life in an apartment/house, where naturally you have some belongings in each division of it and suddenly you have to fit, not all, but only part of your stuff, just the essential, in a small room plus live in it’ (please tell me that I am not alone in this. And just in my defense, I’ve never been a very materialistic person, I prefer instead, to preserve what I already have, therefore I really think that I didn’t bring that many stuff). So somehow I selected the indispensable to bring with me, the remaining I sent to France to my parents house and few stuff stayed in England in my cousin’s house, Maira, who saved me from big trouble.
I knew that latter I would find not so important things in the middle of all, but by that time I couldn’t point them out, I needed to experience the lifestyle first, to after figure it out.
In the first days we barely had space to move around in the boat and when the time came to organize everything, the complications made themselves obvious. Besides clothes, shoes and accessories, I had with me shampoos and conditioners, body lotion (this three last ones, I needed to make sure that I had the enough until I find the same or different brands, but suitable for my hair and skin), books and notebooks, two handbags and one backpack, -as passionate mixologist-bartender I couldn’t live behind- my bartending kit, two favorite gins, angostura bitter and my adored port wine, dry hibiscus (for my cocktails, home-made syrups and tea), palm oil and cashew nuts (that my mother brought me from Guinea-Bissau and made sure I wouldn’t forget them), my laptop, elastics for exercises (it’s so hard to work out in this tiny boat), a winter rob (I knew that I would be in hot climate full year but I also knew that “winter” exists at the ocean), and the list could go on, and on, and on.
It was on the weekend after my arrival, that we took two full days to arrange space for all my belongings, everything got very well squeezed in place.
In the end, five medium vacuum bags were filled up with clothes I wouldn’t use so often, and I started understanding what Kleanthis meant by “Don’t bring clothes you won’t use!”
Português
Encaixando o velho no novo
12 de Setembro de 2018. Nesta data
tão marcante, o meu vôo aterra no aeroporto de Las Palmas de Gran Canaria e lá
estou eu tipo James Bond style pelos corredores do aeroporto, com uma carrada
de bagagem atrás.
A minha nova mala de 30 kg já perdera uma das rodas aquando de descidas e
subidas de escadas no caminho feito até ao aeroporto anterior e, nas zonas de
despacho de bagagem não pareceu ter tido bom tratamento. Com a roda quebrada
parecia ainda mais pesada e, que trabalheira foi puxá-la (só nesse dia já tinha
exercitado para toda a semana que vinha). De certo que assim que desfizesse a
mala esta iria para o lixo (verdade seja dita que não fora a mala mais cara que
comprara mas, ainda assim doeu).
Eu trouxe tudo o que, no momento, achei me ser indespensável (e pouca coisita mais), e teria que tudo caber no nosso barquito de 8,20 metros. É um barco pequeno, é verdade, mas é um pouco largo demais para o seu tamanho, o que é muito bom, então aí depositei as minhas esperanças.O primeiro comentário de Kleanthis depois de me dar as boas-vindas no aeroporto foi: “Então a caixa de 30 kg de roupa e coisas esquisitas que mandaste anteriormente não chegou han, vejo que teremos de nos desfazer do excesso” (claramente que fingi surdez mediante tão sem graça comentário), apenas o abracei com um sorriso nos lábios.
Para ser sincera, já tinha sido avisada há algum tempo atrás sobre as específicas coisas de que iria precisar para este estilo de vida. Aqui as palavras do capitão:
• Roupa desportiva será melhor para teu conforto (com certeza estava de acordo mas não iria usar somente roupa desportiva, certo?)
• Não tragas roupa que não vais usar! (Essa foi algo que não entendi , será que ele pensa que compro roupa para não usar?)
• Roupa chique será destruída pelo sol e pela água salgada, aconselho-te a não trazer (bem, a maioria ficou)
• Calçados de salto alto serão inúteis, NÃO OS TRAGAS! (Bem, trouxe só três pares em caso de precisar para entrevistas de trabalho ou mesmo para sair mas, se realmente soubesse…)
• Quando tiveres a vir, uma mala de 10 kg será suficiente, visto que não me deste ouvidos e enviaste o teu apartamento inteiro numa caixa enorme onde eu poderia caber! (Olhem eu prometo que a caixa não era assim tão grande e pesava menos de 30 kg, além disso eu estava para mudar de residência não apenas ir de férias).
A verdade é, tal como a minha “condição de mulher “ dita, neste caso, é realmente difícil mudar de um apartamento para um barquito pequenito como o nosso. Eu convido-vos a porem-se na seguinte situação, ‘Imaginem que vivem a vossa vida inteira em um apartamento/casa onde naturalmente têm pertences em cada divisão e de repente têm de selecionar parte das vossas coisas e fazer com que caiba num quarto e ainda viver nele (por favor não me deixem sozinha nesta. Em minha defesa tenho a dizer que nunca fui uma pessoa muito materialista, sempre preferi conservar o que já tenho, então penso que não trouxe assim tanta coisa).Então de algum modo escolhi o que achei ser indespensável para trazer comigo, o restante enviei para França para a casa dos meus pais e algumas coisas ficaram na casa da minha prima, Maira, que me safou de grandes problemas.
Eu sabia que mais tarde encontraria coisas que afinal não são assim tão importantes mas naquele momento ainda não conseguia identificá-las, tinha de experienciar primeiro para saber.
Nos primeiros dias da minha chegada, mal tínhamos espaço no interior para nos movimentarmos e quando finalmente pudemos arrumar tudo, as complicações fizeram-se óbvias. Além de roupas, sapatos e acessórios, eu tinha comigo shampoos e condicionadores, hidratante corporal (estes três últimos, precisava de me certificar de que teria o suficiente até encontrar as mesmas ou outras marcas mas que fossem adequados para o meu cabelo e pele), livros e cadernos, duas malas de mão e uma mochila, -como uma apaixonada mixologist-bartender não pude deixar para trás- o meu kit de bartender, dois dos meus gins favoritos, angostura bitter e o meu adorado vinho do porto, hibiscos desidratados (para os meus coquetéis, xaropes caseiros e chá), óleo de palma e castanhas de caju (que a minha mãe me trouxe de Guiné-Bissau e fez questão de que não me esqueceria deles), o meu computador portátil, elásticos para exercício físico (se soubessem o quão me é difícil exercitar neste minúsculo barco…), um rob de inverno (eu sabia que iria para locais onde faz calor durante o ano todo mas também sabia que o “inverno” existe no oceano), e podia continuar a listar.
Foi no fim de semana depois da minha chegada que tomamos os dois dias, para arranjar espaço para arrumar todas as minhas coisas, tudo muito bem comprimido no lugar.
No final, foram precisos cinco sacos a vácuo para armazenar as roupas que não iria usar com tanta frequência, aí comecei a entender o que o Kleanthis quis dizer com “Não tragas roupa que não vais usar!”